Texto diz que ex-deputada, que cumpre pena pelo assassinato do marido, está “lutando pela vida”
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A pastora e ex-deputada Flordelis, 64, que cumpre pena de 50 anos de prisão pelo assassinato do marido, divulgou nas redes sociais, na noite desta quarta-feira, 19, uma carta pedindo ajuda, devido a supostos problemas de saúde. Atualmente, ela está há 4 anos na Penitenciária Talavera Bruce, no Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ela diz estar lutando pela própria vida, devido a complicações médicas.
No texto, Flordelis afirma que sofre de síndrome do pânico, fobia social e depressão, além de ter tido episódios de crises convulsivas, AVC, problema cardíaco grave, insuficiência renal, princípio de infarto, amnésia total e incontinência. “Estou me urinando toda”, desabafou. A carta foi endereçada ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, e anexada ao seu processo de execução penal.
Não é a primeira vez que os problemas de saúde de Flordelis são apresentados à Justiça. Isso porque os advogados dela já tentaram usar a justificativa para conseguir o benefício de prisão domiciliar humanitária, que geralmente é concedido a idosos com mais de 80 anos, ou detentos com quadro clínico grave.
Em entrevista ao jornal O Globo, o advogado Renato Loureiro, que assina o requerimento pedindo que Flordelis seja tratada fora da prisão, defende que sua situação é crítica. “Flordelis está morrendo na prisão. Precisa sair urgentemente para se tratar com médicos particulares”, afirmou.
A carta diz que a pastora sofreu uma queda dentro da penitenciária, que resultou em fraturas na cabeça, rosto e quebrou parte dos dentes, o que teria causado dificuldades para mastigar a comida. Ela também alega que foi presa injustamente. “Preciso de ajuda. Estou presa por um crime que não cometi, mas hoje necessito de auxílio para algo que é um direito de todo ser humano: a saúde”.
Flordelis afirma que já sofreu amnésia total há 30 anos, e que nunca recebeu tratamento adequado, porque o marido, o pastor Anderson do Carmo, acreditava que poderia curá-la sozinho. Durante o julgamento, a ex-deputada tentou usar os lapsos de memória para sensibilizar os jurados e evitar a condenação pelo assassinato.
Na prisão, ela conta que perdeu contato com a família biológica. “Atualmente, minha irmã mais velha, dona Laudicéia, me visita sempre que pode. Foi através dela que soube que já tive algumas internações em um hospital psiquiátrico no Centro do Rio”, narrou. Depois, ela conta ter se tornado dependente de medicamentos, mas que encontrou alívio na música e sendo missionária no presídio.
“Quando cheguei à penitenciária, fui diagnosticada com síndrome do pânico, fobia social, depressão e crises convulsivas. Passei dez dias no isolamento e só fui retirada porque desmaiei. Não sei por quanto tempo fiquei desacordada. Quando acordei, estava sozinha, com a testa sangrando, e precisei me arrastar até a cama. Quando a guarda fez a conferência, viu o ferimento e me encaminhou ao ambulatório. Fui atendida por uma médica chamada Patrícia — não me recordo do sobrenome. Foi ela quem me retirou do isolamento e me transferiu para a cela das grávidas, que cuidavam de mim, assim como eu cuidava delas”, disse a ex-deputada.
A pastora ainda argumenta que precisa realizar, com urgência, três exames médicos: holter, ultrassonografia total do abdômen e raio-X da cabeça e do rosto. O holter seria necessário devido a um grave problema cardíaco, mas, segundo ela, ainda não foi realizado, apesar da recomendação médica.
A ultrassonografia total do abdômen também é aguardada há meses, e é essencial para investigar as queixas de náuseas e outros sintomas. Além disso, ela ressalta que, mesmo após sofrer uma queda grave, não foi submetida a um raio-X da cabeça e do rosto, sendo que o exame é fundamental para avaliar possíveis fraturas ou lesões mais sérias.
Flordelis também alega que ouve vozes e vê vultos, mas tece crochê para tentar se distrair dessas assombrações, conforme diz na carta.
Fonte: Redação Terra