Atleta de 24 anos é esperança do Time Brasil nas modalidades de atletismo de 400m rasos e 400m com barreiras
Irreverente, carismático e, principalmente, veloz. Quando acelera sobre as pistas ovais ao redor do planeta, Alison Brendom dos Santos, o Piu, carrega consigo as cores, o espírito e a persistência próprias de um brasileiro desacostumado com a desistência. Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio nos 400 metros com barreiras, é uma das esperanças do Time Brasil na Olimpíada de 2024 em Paris, na França.
Os 24 anos de Piu nao fazem jus às conquistas de um veterano no atletismo mundial. Desde que deixou as pistas de corrida em São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, o atleta conquistou o bronze em Tóquio-2020, se tornou o primeiro campeão mundial de atletismo do Brasil no Mundial de 2022, sediado em Eugene, nos Estados Unidos, e ainda levou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019, entre outros títulos.
O sucesso nas pistas, no entanto, é resultado de um misto de treinamentos intensos, talento e o olhar cuidadoso de veteranos que tiveram o prazer de acompanhar o desenvolvimento do jovem Alison.
‘Cria’ do Instituto Edson Luciano Ribeiro, idealizado pelo duas vezes medalhista olímpico nos 400 metros rasos Edson Luciano, Alison deu os primeiros passos no Esporte no salto em distância. No entanto, uma de suas treinadoras, Ana Fidélis, percebeu que o biotipo do garoto era ideal para as provas com barreiras.
Ana passou a treinar junto com Alison, que despontou na modalidade. Em 2021, a treinadora reconheceu o talento do jovem, recém-premiado com o bronze olímpico: “Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Deus é bom. E ele foi muito bom com a gente. Continue sempre focado, porque eu já estou ansiosa para 2024. Obrigada por me deixar famosa”, disse Ana, bem-humorada, ao programa Bem Amigos.
Alison dos Santos exibe a sua medalha de bronze
Foto: Aleksandra Szmigiel / Reuters
Leveza nas pistas e na vida
Alison carrega as marcas de um acidente doméstico sofrido quando tinha apenas 10 meses de idade até hoje. Na época, uma panela de óleo quente caiu em cima dele, ocasionando queimaduras na cabeça, nos ombros e nos braços. Ele passou o aniversário de um ano no hospital. Agora, a lembrança está apenas nas cicratrizes nas falhas capilares.
Apesar do passado turbulento, o medalhista olímpico inspira a tranquilidade de um garoto ciente de seu próprio potencial, com direito a um ‘passinho’ de funk após sua prova de estréia em uma Olimpíada, em 2021. “A gente tenta levar na maior leveza possível para não deixar o nervosismo bater. Sempre ouvi música, com ritmos que gosto bastante, para me tranquilizar. Gosto de escutar rap e sertanejo, um pouco de tudo, sou bem aleatório”, disse Piu ao ge antes da final dos Jogos de Tóquio.
O apelido que o deixou conhecido no meio do atletismo, inclusive, surgiu pela semelhança física com outro ‘Piu’ de sua cidade natal, no interior de São Paulo. À época, com 16 anos, já competia contra adultos nas provas de 400m com barreiras e 400m rasos.
Três anos depois, em 2019, apresentou seu nome ao mundo com o ouro do Pan de Lima, além de quebrar seu recorde pessoal, com o tempo de 48s46 nos 400m com barreiras. A marca foi a 4ª melhor do mundo, na ocasião, e garantiu a vaga de Piu nos Jogos de Tóquio. No mesmo ano, foi à final do Mundial em Doha, no Catar, terminando com a sétima colocação com tempo de 48s15.
Em meio à pandemia, Alison, assim como o resto do mundo, aderiu ao isolamento e deixou de competir por um bom tempo, voltado às pistas no segundo semestre do ano. O bronze nos Jogos de 2020, tempos depois, sagraram a presença do brasileiro nas pistas mundiais.
Alison dos Santos ficou em primeiro lugar na disputa dos 400 metros com barreiras em Doha
Foto: Divulgação/Time Brasil / Estadão
Revelação e rivalidade
Em 2022, Piu manteve o alto nível e, em sua primeira competição naquele ano, fez o que seria a 2ª melhor marca brasileira na história dos 400m rasos, com a marca de 44s54. Ele fica atrás somente de Sanderlei Parrela, detentor do tempo de 44s29, feito em 1999. Inclusive, vale ressaltar que a modalidade não é a especialidade de Piu.
Após participações brilhantes e quebras de recordes próprios pela Liga Diamante, Alison garantiu o primeiro ouro masculino do Brasil nos 400m com barreiras e o segundo geral, atrás da lendária Fabiana Murer. Com o tempo de 46s29, superou o campeão olímpico, o norueguês Karsten Warholm, e o prata em Tóquio, o norte-americano, Rai Benjamin. O .
O trio do pódio dos Jogos de 2020, inclusive, voltaram a se enfrentar em etapas da Liga Diamante e em Campeonatos Mundiais, dando início a uma amistosa rivalidade e devem protagonizar a prova mais difícil de Paris.
Em 2023, Alison sofreu com o peso de lesões, mas nem a falta de resultados expressivos foi capaz de fazê-lo desistir. Na ocasião, garantiu o indíce olímpico, tanto nos 400m rasos quanto com barreiras, com as marcas obtidas nas etapadas da Liga Diamante na Polônia e, pouco tempo depois, em Mônaco.
Já em 2024, na abertura do ano olímpico, o atleta voltou a vencer em Doha, na Liga Diamante, com a marca de 46s86, sua primeira na casa dos 46 segundos em dois anos. Em maio, pouco antes de ir a Paris, também se sobressaiu sobre na casa do adversário Warholm em Oslo, na Noruega, com a marca de 46s63, a melhor do mundo no ano.
Alison dos Santos é ouro na Polônia em etapa da Diamond League
Foto: Reuters
Fonte: Redação Terra