Ex-ministro de Michel Temer e filho de um dos principais caciques políticos do Rio de Janeiro, o ex-deputado Leonardo Picciani (MDB) vai ocupar um dos cargos mais estratégicos na área de infraestrutura do governo Lula: a Secretaria Nacional de Saneamento.
A nomeação saiu na edição desta quarta-feira (8) do Diário Oficial da União. Picciani foi indicado pela bancada do MDB na Câmara e será abrigado no Ministério das Cidades, que é comandado por Jader Filho, do mesmo partido.
O novo marco legal do saneamento básico, sancionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, prevê a universalização dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto até 2033.
A Abcon, associação que reúne as concessionárias privadas do setor, prevê a necessidade de investimentos da ordem de R$ 308 bilhões apenas nos próximos quatro anos para que essa meta seja efetivamente cumprida.
O governo Lula discute, no entanto, uma série de ajustes no marco do saneamento. As discussões estão sendo conduzidas pela Casa Civil com concessionárias privadas e empresas estatais de água e esgoto.
Um dos pontos já definidos, é um prazo adicional para que municípios façam sua adesão aos blocos regionais e não percam acesso ao financiamento público.
Quem é Leonardo Picciani
Líder do MDB na Câmara quando foi votada a abertura do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, Leonardo Picciani orientou a bancada do partido pela aprovação — embora ele próprio tenha votado contra. Depois, foi escolhido ministro do Esporte de Michel Temer, sucessor de Dilma.
Leonardo é filho de Jorge Picciani, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio e um dos maiores aliados do ex-governador Sergio Cabral. Alvo da Operação Lava-Jato, Jorge Picciani foi preso em 2017 e condenado a 21 anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 2a. Região em 2019.
A condenação ocorreu pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Jorge Picciani morreu em 2021, por complicações decorrentes de um câncer na bexiga.
Leonardo foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada a mais importante da Câmara, e atualmente está sem mandato.
Ele comanda o diretório estadual do MDB no Rio e tentou novamente uma vaga como deputado federal, nas eleições de 2022, mas seus pouco mais de 38 mil votos não foram suficientes.
A bancada do MDB na Câmara, que hoje tem 42 deputados, tem pedido espaço na composição do Ministério das Cidades.
Outras secretarias pleiteadas foram a de Habitação (responsável pelo Minha Casa Minha Vida) e de Mobilidade Urbana (emcarregada de planejar obras como metrôs e BRTs).
Fonte: CNN