//Cid confessou que tentou blindar Braga Netto durante depoimentos da delação

Cid confessou que tentou blindar Braga Netto durante depoimentos da delação

Depoimento foi usado para embasar a denúncia oferecida pela PGR ao STF.

O tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

O tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

Após a queda do sigilo da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), nesta quarta-feira (19), foi possível acessar as falas do militar que foram usadas como base da denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente e mais 33 acusados de tentativa de golpe.

De acordo com o texto da delação, Cid confirmou que “dosou as palavras” ao se tratar do general Braga Netto e sobre suas tentativas de obter informações sobre a delação, ligando para o general Lourena Cid, pai do ex-ajudante.

Em um dos depoimentos, Cid foi questionado pelo delegado Fabio Shor se havia receio de repassar informações para a investigação. O militar então confirmou que, devido à hierarquia dentro da Corporação, não confirmou que Braga Netto teria a intenção de financiar militares para execução do plano golpista.

“Pelo respeito que a gente tem com uma autoridade, um general quatro estrelas, que às vezes é muito caro, dosa muitas palavras para evitar estar acusando ou falando de uma autoridade, ainda mais um general quatro estrelas. Mas, diretamente por causa dessa situação, não. Mais pelo íntimo interno, do ethos militar”, disse Mauro Cid.

Na delação, Cid afirmou que Braga Netto passou dinheiro para ele por meio de uma sacola de vinho, que foi coletada por outro militar momentos depois.

Braga Netto continua preso desde dezembro de 2024, por determinação de Alexandre de Moraes, ministro do STF.

Entenda a denúncia da PGR
Bolsonaro foi denunciado pelos crimes de liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união e deterioração de patrimônio tombado.

Além do ex-presidente, a PGR também denunciou nesta terça-feira, 18, o ex-ministro general Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros 31 pelos crimes de:

Golpe de Estado;
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
Organização Criminosa.
O objetivo, segundo o relatório, era estabelecer uma “falsa realidade de fraude eleitoral” para que sua derrota não fosse interpretada como um acaso e servir de “fundamento para os atos que se sucederam após a derrota do então candidato Jair Bolsonaro no pleito de 2022”.

A investigação aponta ainda que a o ex-presidente tinha conhecimento de um plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Em nota, a defesa de Bolsonaro afirma que o ex-presidente “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”. Também alegou ter recebido com “estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República”

Em nota, a defesa de Bolsonaro afirma que o ex-presidente “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”. Também alegou ter recebido com “estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República”.

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Fonte: Redação Terra