Investigação da Polícia Federal indica irregularidade em negociação envolvendo Diogo Vitor
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O Cruzeiro teria lavado R$ 3 milhões do Primeiro Comando da Capital (PCC) na compra do atacante Diogo Vitor no início de 2021. As informações foram publicadas pela Revista Piauí e baseadas em investigações da Polícia Federal.
De acordo com a publicação, a F1rst Agência de Viagens e Turismo, do empresário William Barile Agati –responsável pelo agenciamento da carreira do atleta–, teria transferido, em parcelas, R$ 3 milhões ao clube de Belo Horizonte.
Após três dias da última transação, porém, o Cruzeiro começou a ‘devolver’ parte do dinheiro ao empresário, mas desta vez para a conta pessoal e para a Burj Motors, outro negócio dele. O valor ‘devolvido’ foi de R$ 1,58 milhão.
O negócio teria causado estranheza ao Ministério Público Federal, que entendeu as ações como uma maneira de Agati lavar a parcela do dinheiro que acumulou com o comércio de cocaína.
Além dos valores recebidos, o empresário teria ficado com um crédito de R$ 1,5 milhão para transações futuras.
Segundo a revista, o MPF contabiliza que, entre 2019 e 2021, Agati traficou cerca de duas toneladas de cocaína para a região sul da Espanha. O produto teria sido levado para a Europa tanto por navio quanto por jatinho.
Apesar de o empresário não ser formalmente filiado ao PCC, a publicação o aponta como uma espécie de ‘broker’, ou seja, intermediário da facção. Ele também teria integrado um consórcio de criminosos brasileiros e europeus para resgatar Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, da prisão em Moçambique por meio de suborno às autoridades.
Em nota ao Terra, a atual direção do Cruzeiro explicou que assumiu o clube em maio de 2024 e, por isso, não tem conhecimento das negociações, mas se colocou à disposição das autoridades para colaborar caso necessário.
“A gestão atual do clube assumiu o controle da SAF do Cruzeiro em maio de 2024. Desta forma, não temos nenhum conhecimento sobre o fato em questão. Contudo, o Cruzeiro SAF está à disposição das autoridades, sem medir esforços, para colaborar com o que for necessário”, informou.
Presidente do Cruzeiro em 2021, Sérgio Santos Rodrigues falou à Revista Piauí que Diogo Vitor foi cedido gratuitamente ao clube, e que os valores se referem a um empréstimo feito pelo empresário ao clube, sem qualquer relação com o jogador.
“Não houve compra de passe [do atacante], não. Foi pedido uma oportunidade [dada] para o Diogo tentar voltar a jogar”, explicou.
Com Agati preso desde o fim de janeiro no âmbito de operação contra tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro, o advogado Eduardo Maurício afirmou à revista a inocência do cliente e o definiu como “um empresário idôneo e legítimo, primário e de bons antecedentes, pai de família, que atua em diversos ramos de negócios lícitos, nacionais e internacionais, sempre com ética e seguindo as leis vigentes e os bons costumes”.
O Terra tenta contato com o atacante Diogo Vitor. Em caso de manifestação, a reportagem será atualizada.
Fonte: Redação Terra